Como definir uma estratégia de investimentos mais facilmente – Política de Investimento Pessoal
Investir mais facilmente é algo que eu procuro aprender desde 2015 quando comecei a buscar o objetivo de não depender do INSS no futuro.
Então durante anos eu sabia onde queria chegar: ir Além da Previdência. Considero que esse é o passo principal, pois sem definir um objetivo claro, é fácil perder a motivação de deixar de gastar hoje para ter uma vida confortável no futuro.
Uma estratégica de investimentos simplificada
E como chegar lá? Eu sabia que deveria:
- Gastar menos do que ganho;
- Estudar sobre as diversas modalidades de investimento para saber o que existe;
- Descobrir dentre elas quais têm melhor rendimento;
- Descobrir quais têm menores custos (de corretagem, custódia, adminitração, entrada, saída, performance, dentre outras);
- Descobrir quais têm melhor relação risco/retorno para o meu gosto;
- Investir o meu dinheiro nelas.
Eu achava que essa era uma ótima estratégia e que seguindo ela eu chegaria no meu objetivo. E realmente a ideia é boa quando comparada com o que eu fazia antes: seguir as orientações do gerente do banco (sim, eu também tenho um passado vergonhoso nas finanças! kkkk).
O problema: como escolher um investimento adequado?
O problema é que quanto mais eu estudava sobre investimentos, mais dúvidas eu tinha a respeito do que fazer! Investir num CDB pagando 97% do CDI com prazo de 5 anos, investir num LCA pagando 81% do CDI com prazo de 3 anos ou investir numa debênture pagando 101% do CDI com prazo de 4 anos???
A rentabilidade das três opções é muito próxima. A debênture paga mais, mas o risco é bem maior, será que é aceitável? O CDB rende mais que o LCA após descontar o imposto de renda, mas não tem liquidez, será que posso ficar com o dinheiro travado lá por 5 anos? O LCA paga um pouco menos, mas tem liquidez a partir de 90 dias, será que é importante ter isso?
Mesmo com conhecimento estava muito difícil escolher a opção que mais me parecia interessante. Faltava alguma coisa a mais para me ajudar a investir mais facilmente.
A luz no fim do túnel: Política de Investimentos
Foi aí que, durante uma pesquisa sobre um fundo de investimento, eu notei um detalhe na lâmina de informações essenciais dele que eu nunca tinha reparado (e olha que leio lâminas desse tipo rotineiramente!): ela diz claramente como o fundo chegará ao seu objetivo.
Bingo! Era isso que estava me faltando! Eu tinha uma metodologia, mas não uma política de investimentos que me dissesse claramente quais parâmetros eu deveria seguir. Por isso eu tinha tantas dúvidas e não conseguia investir mais facilmente.
Ao pesquisar sobre “como escrever uma política de investimentos” na Internet (não se limite somente ao português ao pesquisar algum assunto!) encontrei vários textos interessantes. Vale a pena consultar o do site Woman Who Money, o do site Morningstar e o do blog Aposente aos 40.
Mas o que é uma Política de Investimentos Pessoal?
Uma política de investimentos é simplesmente um roteiro de como um investidor vai aplicar seu dinheiro. É um documento onde estarão descritas as metas, diretrizes e estratégias que serão utilizadas para alcançar um objetivo.
A grande vantagem de escrever uma política de investimentos pessoal é ter em mãos algo que vai ajudar a pessoa a investir mais facilmente permancendo no caminho correto independente da situação que o mercado esteja passando.
Não precisa ser longo e nem complexo, a única exigência é que seja personalizado, afinal de contas ele é escrito com base no seu objetivo.
Como escrever uma Política de Investimentos Pessoal?
Sempre gostei da metodologia de “passo a passo”. É simples de entender e fácil de seguir. Então segue o passo a passo de como escrever uma política de investimentos pessoal:
Passo 1: Escreva seu objetivo
Parece meio óbvio isso, mas a razão de escrever esse documento é atingir o seu objetivo, então faz todo sentido começar escrevendo qual é esse objetivo e o prazo para atingi-lo.
A política pode ter mais de um objetivo sim, mas eu não recomendo. Objetivos diferentes podem ter prazos diferentes para serem atingidos e com isso as coisas começam a ficar complicadas quando escritas todas juntas.
Então sugiro redigir um documento para cada objetivo separadamente. Depois ficará bem mais fácil definir por exemplo o prazo de cada investimento e o risco aceitável.
Passo 2: Escreva sua estratégia de investimentos resumidamente
Lembre-se que de isso é para te ajudar a investir mais facilmente, então descrição deve ser sucinta, nada de texto enorme cheio de detalhes. Segue um bom exemplo:
Dos 20 aos 40 anos investir mensalmente em renda variável visando o crescimento do patrimônio até R$2 milhões, investindo também uma pequena parcela em renda fixa para reduzir o impacto das variações do mercado. A partir dos 40 anos alterar o patrimônio para investimentos que paguem bons dividendos regularmente e que cubram com foga as despesas familiares.
Passo 3: Descreva seus investimentos atuais
Liste todos os ativos nos quais você investe seu dinheiro hoje separados por:
- Classe de ativos: renda fixa, renda variável, moedas, etc.
- Alocação: qual percentual do seu patrimônio você tem investido em cada classe de ativo hoje.
- Balanço: valor em Reais que você tem investiu em cada classe de ativo (pelo menos nos últimos 12 meses).
Passo 4: Detalhe seus planos e estratégias
Com base naquilo que você aprendeu e sentiu ao fazer os investimentos listados no passo 3, agora é a hora de detalhar aquilo que foi escrito no passo 2 e ver como investir mais facilmente para atingir seu objetivo. Logo este item deve conter:
- Quais classes de ativos você prefere: renda fixa, renda variável, moedas, metais preciosos, imóveis, produtos agropecuários (criação de gado, plantação de soja, tomate, etc.), criptomoedas, veículos e até mesmo se você gosta de investir em empresas (o cara por trás do blog do corey gostava de comprar lojas, reorganizar e vender em seguida com lucro).
- Quais ativos você prefere em cada classe de investimentos: por exemplo ações, ETF, fundos de ações, derivativos em renda variável, tesouro direto, CDB e fundos em renda fixa, casas que possuo e fundos de investimento imobiliário em imóveis.
- Qual é a sua alocação preferida: 50% renda fixa, 20% imóveis, 15% renda variável, 15% moedas, etc.
- Qual é a sua regra de realocação de ativos: escreva o que você fará quando seus investimentos saírem da sua alocação preferida (vender o ativo que rendeu mais e investir o dinheiro naquele que caiu ou manter o ativo que rendeu mais e só aplicar dinheiro novo no que caiu). Aqui também deve ser escrito quando isso será feito (ex.: o ativo subiu ou caiu 5% em relação à alocação preferida).
- Qual é a regra de aplicação do dinheiro novo: o que fazer quando entra um dinheiro novo para ser investido, seja ele vindo de salário, de dividendos recebidos ou de venda de algum produto ou bem. Esse valor será investido em um único ativo? Se sim, em qual e por que? Ou será dividido entre vários ativos? Se sim, em quais, por que e em que ordem?
- Qual é a regra para selecionar novos ativos: listar todos os parâmetros que você ache necessários para aplicar seu dinheiro em um novo ativo. Exemplo: rentabilidade anual acima de 8% ou acima de IPCA+4% ou pelo menos 96% do CDI, relação risco/retorno de no mínimo 3:1, não possuir taxa de performance ou taxa de saída, possuir taxa de administração de no máximo 1% ao ano, máximo 4 anos de carência. Lembrando que o prazo do ativo deve estar de acordo com o prazo do seu objetivo.
Passo 5: Descreva os parâmetros de monitoramento
Liste aqui quais parâmetros serão usados para medir o desempenho dos seus ativos regularmente. Pode-se monitorar:
- Rentabilidade;
- Percentual de Alocação;
- Custos e taxas;
- Desempenho em relação a índices (IPCA, SELIC, CDI, IBOVESPA, etc.).
É importante definir também aqui com qual periodicidade você acompanhará seus investimentos. Eu recomendo uma vez por mês, sempre após o último dia útil. É uma frequência boa para não sobrecarregar a pessoa, afinal de contas nem todo mundo leva jeito para contador para lidar com finanças todo dia.
Quando revisar a Política de Investimentos Pessoal?
Como estou falo neste site sobre não depender da Previdência Social no futuro, ou seja, um objetivo de longo prazo, é claro que a minha política de investimentos pessoal vai sofrer mudanças ao longo do tempo.
Todo investidor passa por mudanças na sua disponibilidade de recursos para investir, nos seus gastos familiares, no seu apetite ao risco. Por isso a política de investimentos pessoal não precisa ser um documento imutável. Pode ser revisado quantas vezes a pessoa entender que é necessário.
O ideal é revisar cada vez que algo relevante ocorrer na vida do investidor, como por exemplo um casamento, o nascimento de um filho, o recebimento de uma promoção no trabalho ou mesmo quando ocorrer uma mudança de emprego.
Importante: evite revisar durante a ocorrência de eventos transitórios que afetem o mercado financeiro ou imobiliário! Como o próprio nome diz, são eventos transitórios, normalmente vão durar muito menos que o tempo para você atingir seu objetivo. Aguarde o fim do evento para analisar a situação e ver se é necessário alterar alguma coisa na sua política de investimentos ou não.
Bom, já escrevi demais!
Se tiver alguma dúvida, estou a disposição.